Consumismo cristão
Quando me converti estávamos no tempo em que os corinhos aos poucos substituíam os tradicionais hinos, em meio a muita resistência, Vencedores por Cristo, Grupo Ecus, Asaph Borba, Ademar de Campos e outros já marcavam a sua presença nos cultos e nas escolas dominicais. Cada corinho era ensaiado e tocado a exaustão de tal forma que todos decoravam as suas letras, após o primeiro ano de execução, em todas as igrejas ouvia-se os mesmos cânticos, e os jovens se reuniam em intercâmbio para trocarem novos louvores entre si, enquanto eram adestrados para o ministério. Tempos bons em que o propósito principal era o de louvar a Deus e se possível ter algum retorno de sua criação para poder continuar a produzir.
Eram tempos em que os cristãos eram identificados nas ruas pelas roupas com que se trajavam e pelo pentear dos cabelos com birotes, e que o lugar comum das Bíblias era em baixo dos braços, e que era muito corajoso aquele que vestia uma camisa com dizeres cristãos, pois era olhado por todos como um louco.
Com o estouro do evangelho entre nós e a multiplicação de crentes, o louvor virou negócio e muito lucrativo, multiplicaran-se as bandas e os cantores e a quantidade de cânticos hoje é tão grande que um louvor é no máximo executado três vezes na igreja e após considerado como ultrapassado, os fieis nem sequer chegam a aprender a letra e a música e já há outro entoando em seus ouvidos pelo menos por mais três semanas.
É triste dizer, mas o louvor virou consumo e o que louva e mais louvado no que cria que o próprio Criador de todas as coisas a quem supostamente se dirige, a pressa e o consumismo do mundo entraram contudo no meio evangélico e o entretenimento tomou o lugar da adoração, na verdade o que adoramos hoje e mais a música em sua qualidade que aquele que deveria ser adorado e muitos oportunistas adoram entre nós.
E assim vamos louvando e levando avante o consumismo cristão, com uns adorando, e outros sendo adorados uns consumindo, outros se consumando e os sinceros sendo consumidos nessa barafúrdia toda.
Perdoem-me o excesso, mas no fundo tenho saudade do tempo em que eu era calmo sereno e tranqüilo, e saia de casa ostentando a minha Bíblia a me encontrar com a meia dúzia de cristãos que quando não tinham som nem instrumentos louvavam com suas vozes e seus hinários, ou livro de cânticos mimeografados e borrados, éramos poucos então, mas louvávamos muito e singelamente a Deus.
Cláudio Pinto Pr
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