Por que alguns de nós viram assassinos?
Por que alguns de nós viram assassinos?
Estou muito indignado com tudo que aconteceu em Santo André (SP) esta semana. Indignado com o despreparo da polícia, com o que um jovem tomado por um ciúme pode fazer, com a imprensa que o coloca ao vivo só para dar audiência no ar e ganhar dinheiro com as desgraças alheias, indignado de ver como é fácil encontrar armas neste país e com a igreja, que não vai se manifestar por achar que não tem nada a ver.
A notícia me pegou longe de casa. Estava pregando em um acampamento em Joinvile e foi um grande susto, pois tinha certeza que o rapaz só estava enrolando e já tinha caído em si na burrada que tinha feito. E que era questão de tempo para ele soltar a menina.
Algumas perguntas ficaram em meu coração a serem resolvidas.
Por que algumas pessoas perdem a cabeça e se tornam assassinas?
Qual a diferença entre um assassino e uma pessoa de bem? Não seria o puxar o gatilho? Os que puxam são assassinos e os que não puxam não são assassinos? Ou tem quem puxe que não é e outros que não puxam que são? São complicados os critérios da lei sobre réu primário, quanto mais a teologia por trás disso.
Este caso me trouxe à memória o primeiro assassinato na escrituras, o de Caim e Abel (Gn 4: 1-8). E a mesma pergunta surgiu em meu coração: Caim matou porque era assassino, ou virou assassino porque matou?
Sempre colocamos o foco da revolta de Caim no fato de Deus ter aceitado a oferta de Abel e rejeitado a de Caim. E ficamos nos perguntando por que Deus a recusou, sendo que nenhuma regra tinha sido estabelecida. Ou falamos que só pode ser que um deu de coração e outro não, sendo que a bíblia mesmo não coloca isso.
Lendo, reparei que no v.7 Deus vai conversar com Caim sobre o porquê de seu sacrifício não ter sido aceito e fala que, se ele fizer o bem, tudo ficará bem, mas se não, o pecado que está à porta vai entrar. E, mesmo sendo avisado, Caim matou o irmão e procedeu com o mal.
Caim não se tornou assassino porque matou Abel. Caim matou Abel porque já era assassino. É por isso que seu sacrifício não foi aceito!
É duro assumir e entender isso que a Bíblia nos coloca. Todos nós somos de natureza má e temos o mal em nossos corações.
Depois da queda todos nós fomos condenados a nascer egoístas, invejosos, deturpados sexualmente, corruptos, assassinos. Essa foi a escolha da humanidade em Adão, e é assim que, no fundo no fundo somos.
Aí você comenta: mas na prática nem todos puxam o gatilho. Eu mesmo não sou um tarado, mau caráter ou assassino!
Pois é aí que entra a graça de Deus. Quando não chegamos de fato à deturpação total de nós mesmos, foi porque a graça de Deus chegou até nós. Ela é chamada de graça comum ou graça sustentadora, pois cobre a crentes e não crentes e serve para manter a criação. Se não fosse ela, a vida no mundo seria insustentável e todos nós viveríamos o mais pleno pecado de nossa natureza, de nossos corações.
A discussão agora vai ser se o Lindemberg é assassino ou um rapaz que teve um surto e matou por desespero ao ver a polícia entrar no apartamento. Sobre como a lei brasileira vai decidir isso, não tenho condições de opinar. Mas a pergunta teológica que surgiu no meu coração, vou arriscar a mudar.
A pergunta não é por que alguns de nós se tornam assassinos e sim, por que todos não são assassinos depois da queda? E a resposta é graças à cruz de Cristo que cobre a todos sustentando com a dádiva que vem de Deus, chamada amor.
Senhor, continue a sustentar com o bem a mim e aos meus amigos, para que o mal não ganhe espaço em nossos corações e que não nos tornemos o que realmente somos: maus!
Fonte: irmaos.com
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